Pirataria forte no Brasil e a questão das armas a bordo

Chinese pirate boats attacking a merchant ship, circa 1800s.
Que tal explorar o Rio Solimões? Pense duas vêzes. Jornal da Record ontem 13/3/2017 fez uma reportagem atual sobre o problema da pirataria. Barcos de cargas, balsa e barcos de passageiros são assaltados, e até barcos de traficantes são atacados for piratas fortemente armados para roubar a carga. O Estadão também tem notícias de assalto no Solimões desde 2011. Faça uma busca no google notícias sobre o tema e fique chocado. Barcos pequenos não saem do cais a noite. Em 2001 o explorador Peter Blake foi morto por piratas no Rio Amazonas. Este é um problema muito grave no Brasil, que não se restringe somente ao Norte. A bahia de Paraty, Angra e Ubatuba também tem relatos de assalto a barcos ancorados. Ninguém dorme nas enseadas. Somente em marinas.

No livro Pirates Aboard, de Klaus Hympendahl, ele faz uma compilação de vários casos pelo mundo e tem o mapa da pirataria internacional onde o Brasil tem seu lugar. Pirataria não é só na Somália. Outro país vizinho citado no livro é a Venezuela.

No contexto da informática o termo pirataria se tornou até fofo, com as cópias de filmes em DVD, jogos e softwares falsificados tão comuns no Brasil (abrindo um parênteses, os brasileiros têm mania de software pirata, e pouco se informam sobre as opções de software livre que existem, como Open Office, Gimp, Linux dentre outros), mas a pirataria violenta em barcos corre solta em 2017. 

Armas a bordo resolvem? Para os traficantes do Solimões não está resolvendo. O tema de armas a bordo é uma das maiores polêmicas da náutica de cruzeiro. O livro Pirates Aboard tem um capítulo sobre o tema, e diversos livros de viajantes abordam a questão. Alguns dizem que uma arma é essencial. Outros dizem que a arma pode expor o dono do barco a situação de maior risco, sem arma a tripulação pode ter uma atitude mais apaziguadora, com arma podem querer enfrentar. Há quem dia que apenas mostrar a arma é suficiente para espantar piratas. Mais uma vez... no Solimões mostrar arma não está resolvendo. O caso de Peter Blake é um exemplo de enfrentamento que não deu certo, e sua arma falhou. Os percursos precisam ser muito bem planejados para correr menor risco. Certos países exigem que as armas sejam declaradas na chegada e fiquem trancadas à bordo. Outros pedem que as armas sejam entregues às autoridades enquanto o barco estiver atracado. Uma coisa é certa, no mar e na Amazônia podemos dizer "estamos na roça".

O objetivo deste post não é desanimar os amantes de barcos, mas salientar que temos muito o que fazer para desenvolver a cultura náutica brasileira. É trabalho de todos os interessados divulgar a náutica, realizar seus projetos, fortalecer a comunidade, se organizar e sensibilizar os governos para uma política séria do setor. Abra o seu caminho com responsabilidade, amor e atenção.

Bons ventos, 
Ricardo Ramalho
Estaleiro Oficina

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